sexta-feira, 27 de abril de 2012

Homem quem gritou ‘abaixo a ditadura’ [SIC – ABAIXO O COMUNISMO] em missa ficou 20 dias detido e não esperava sair vivo

‘Faria tudo novamente’, diz preso durante visita do Papa a Cuba


OLHA AÍ O PT DE CUBA... A GENTE CHEGA LÁ...
RIO — Quatro dias antes de completar 40 anos, o fotógrafo cubano Andrés Carrión Alvarez tomou uma decisão que mudou sua vida e fez com que seu rosto se tornasse uma imagem conhecida no mundo todo: protestar contra o regime comunista durante a missa do Papa Bento XVI em Santiago de Cuba no dia 26 de março com palavras de ordem como “abaixo o comunismo!” e “abaixo a ditadura”. Em entrevista ao GLOBO, ele contou que agora enfrenta as consequências do protesto, depois de passar 20 dias na prisão.


Na cadeia, ele passou por sessões de interrogatório, permaneceu sem acesso à água limpa e com apenas 20 minutos de luz elétrica por dia em uma cela suja e fedorenta, mas não sofreu maus-tratos:
— Eles sabiam que o mundo tinha visto o que havia ocorrido comigo e que muita gente aguardava notícias.

Mas os problemas não acabaram com a saída da prisão. Desde então, Carrión conta que vive com a casa cercada e é seguido por agentes de segurança onde quer que vá. Ele precisa se apresentar semanalmente em uma unidade de operações policiais, não pode sair do município, nem se reunir com opositores ou participar de manifestações. Ele mesmo reconheceu que não pretende cumprir todas as regras.

— Como em qualquer ação humana, há os que criticam e os que apoiam. Tenho recebido mais críticas de pessoas ligadas ao regime. Mas o povo, esse tem me apoiado muito — disse.
Mensagens bíblicas substituídas pelo horóscopo
Carrión diz não ter vínculos com movimentos de dissidentes ou críticos do regime, mas reconhece que estes foram os grupos mais preocupados com seu destino após a prisão na Praça Antonio Maceo. O fotógrafo teme que as ações de vingança de agentes de segurança ou simpatizantes do regime atinjam sua família. Ele receia que qualquer ato de vingança tenha sido apenas postergado diante da atenção mundial ao episódio. Apesar disso, otimista, prevê que em pouco tempo não será mais o único a levantar a voz contra o regime comunista dos irmãos Castro:

— Faria tudo novamente. A mobilização em Cuba precisa começar em algum lugar. Quando um cubano enfrenta o governo, isso é uma mostra de que perdemos o medo. 

Mesmo que isso signifique arriscar a própria vida.

O único lamento, para Carrión, é que os presentes à missa do Papa Bento XVI não tenham aproveitado o momento para se manifestar em conjunto. Mas reconhece que a expectativa era mais um desejo do que uma possibilidade diante do amplo esquema de segurança montado para o evento.

O fotógrafo nega que o protesto tenha sido uma tentativa de obter um visto para os EUA. — A ação que tomei nunca foi motivada por um ato tão egoísta quanto obter um visto. Não esperava nem mesmo regressar com vida. Pensava que iam me matar — disse.

Católico, ele tem conversado com sacerdotes para explicar seus atos e ressalta que nunca teve a intenção de prejudicar o trabalho da Igreja na ilha, que conta com menos de 10% de católicos praticantes.

Em sua conta no Twitter, a blogueira Yoani Sánchez afirmou que um serviço telefônico para receber passagens bíblicas, criado por conta da visita do Papa, foi substituído menos de um mês após a passagem do Pontífice por mensagens do horóscopo. “Conquista do Papa em Cuba que não durou nada”, escreveu.

Para Elizardo Sánchez, da Comissão Cubana de Direitos Humanos, uma organização considerada ilegal, mas tolerada pelo governo, a repressão contra os opositores do regime não diminuiu após a visita de Bento XVI. E as conquistas da Igreja se concentram mais em suas atividades pastorais. Para ele, o protesto de Carrión é único, mas reflete a motivação do povo cubano:


— Existem muitas pessoas como ele em Cuba. Pessoas sem ligação com movimentos políticos, mas insatisfeitas com o governo. Mas nem todas estão dispostas a correr o risco de ir para a prisão.

Fonte: http://oglobo.globo.com/mundo/faria-tudo-novamente-diz-preso-durante-visita-do-papa-cuba-4727859#ixzz1t2P2bikR

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